O futuro da proteção de dados é desafiador
O segmento de TI sempre teve como base a transformação. Isto é, de todas as áreas virtuais e relacionadas, a Tecnologia da Informação está à frente nas mudanças que o mercado e a tecnologia como um todo passam. E agora, mais uma vez, ela muda de uma forma relativamente abrupta, com a proteção de dados como seu carro-chefe, por mais contraditório que isso possa parecer…
Nas últimas semanas, presenciamos uma mudança imutável na maneira como utilizamos a internet. Com a controverso caso do vazamento de dados do Facebook pela Cambridge Analytica, não apenas o governo, as empresas, mas o público, certamente estarão mais atentos às formas com que compartilham seus dados.
Com esse detalhe pertinente, é um ótimo momento para analisar nosso cenário atual, as possibilidades e os inevitáveis desafios que teremos pela frente. A Era da Informação começa a ter nuances de um novo estágio, e cabe aos mais sábios e atentos se anteciparem a ele.
O Caso “Cambridge Analytica” e a proteção de dados
Antes de entrarmos no tópico que reacendeu a discussão sobre a privacidade e a proteção de informações para um escopo maior, cabe lembrar que a questão sobre a proteção de dados já existe há alguns anos, tanto nos Estados Unidos e na União Europeia, como aqui no Brasil.
Enquanto por aqui a inclusão do Marco Civil, que mudou de maneira sensível o avanço e a maneira como usamos a internet, as discussões no exterior quanto a neutralidade da web, encontraram seu ápice quanto a votação da mesma no congresso americano, que votou a favor do fim desta neutralidade.
Este panorama é importante, pois o caso envolvendo a Cambridge Analytica trouxe de volta esta e outras questões envolvendo a privacidade dos usuários.
Em um breve resumo, a empresa captava e analisava dados advindos de diversas ferramentas terceirizadas, utilizando como base tanto a API do Facebook, o que por sua vez integrava o Instagram, rede social específica para imagens, bem como ferramentas específicas para rastreamento de dados.
Essas resoluções e automações repercutiram em nada menos do que 87 milhões de contas do Facebook violadas, destas cerca de 447 mil no Brasil. Isso, sem contar o envolvimento ainda que indireto da rede social em casos políticos de peso, como a eleição do atual presidente americano, Donald Trump, e do Brexit, o movimento de separação da Grã-Bretanha da União Europeia. Ambos teriam manipulado pesquisas de opinião pública, baseadas nos dados online.
Enquanto o próprio Mark Zuckerberg responde ao escândalo na corte americana, a rede social já havia mudado muitas de suas diretrizes quanto ao uso de sua API, bem como suas regras de proteção de dados. Entre elas, podemos destacar algumas como:
- a classificação de ferramentas terceirizadas que não utilizam a APIs nativas do Facebook e Instagram como irregulares. Em outras palavras, seu uso será considerado “proibido”;
- informações de usuário, como fotos de perfil, não mais aparecerão em fluxos de dados;
- Impossibilidade de acompanhar informações de usuários sem as devidas autorizações dos mesmos;
- não será possível receber ou enviar mensagens por ferramentas terceirizadas.
Como é possível perceber em algumas das alterações acima, uma das mudanças mais diretas em tudo que discutimos aqui é praticamente o encerramento dos processos automatizados nas redes sociais, utilizando outras ferramentas que não as de automação das próprias redes sociais.
Este aspecto impacta diretamente o setor não apenas de TI, como profissionais de marketing digital, programação, e todos aqueles que, de alguma forma, precisam lidar com um grande volume de dados, e captação de público para seus negócios.
Como se antecipar e adaptar às mudanças?
Não se engane: estas mudanças não são paliativas ou temporárias. Com os processos judiciais em andamento, bem como as repercussões que ainda estão por vir, na verdade são esperadas ainda mais alterações no Facebook e outras plataformas, a exemplo do próprio Google Analytics 360 (versão paga da solução de análise do Google), que já está alterando seus protocolos de retenção e coleta de dados afim de atender a GDPR (General Data Protection Regulation) para as normativas do EEA (European Economic Area).
É natural que, em um primeiro momento, a precipitação e a preocupação com modelos antes funcionais e eficientes, tenham de ser adaptados “às pressas”. Contudo, manter-se a essa perspectiva é condenar sua posição no mercado. Sobretudo em um período que, restrições à parte, permite inovações com mais facilidade.
A primeira nuance a ser observada é quanto a maneira que os usuários lidam com estas mudanças. De maneira geral, para o grande público, existe uma maior preocupação em proteger seus dados pessoais, o que implica em estarem mais atentos aos meios nos quais empresas buscam saber sobre eles.
Assim, cabe aos profissionais buscarem meios mais diretos, que incentivam o engajamento do público de forma consciente, a entregar tais informações, ou apenas as mais relevantes, e à partir delas trazer novas soluções.
Outra alternativa, igualmente relacionada a questão da proteção de dados, é o desenvolvimento de ferramentas específicas para a segurança dos usuários. Até então, este aspecto era mais comum no segmento de e-commerce, e que agora pode ganhar ainda mais relevância para outros segmentos.
Navegadores cuja função é ser um “intermediário” entre o usuário e as ferramentas de busca, aplicativos que restrinjam buscadores quais os tipos de informações disponíveis, e softwares que bloqueiam diretamente a ação de sites específicos, são apenas algumas ideias e sugestões.
Perceber estas e outras nuances dos meios virtuais é de vital importância para desenvolver novas estratégias para o mercado. quanto menos tempo perdido em questionamentos infundados, melhor para o seu negócio. Contudo, um aspecto de grande importância não pode ser ignorado em qualquer iniciativa para acompanhar o novo momento.
O ponto primordial
Ao acompanhar de perto os escândalos envolvendo a Cambridge Analytica, e outros dos últimos anos, fica bem claro que a proteção de dados, do ponto de vista do usuário, pode ser amenizada e bem restrita. Digamos que é muito difícil esconder completamente os seus dados da web. Para não dizer impossível…
E mesmo tal consciência, embora amarga para os mais céticos, pode ser trabalhada e até mesmo inovada pelo novo mercado.
Se por um lado a restrição de dados podem tornar mais difícil o alcance entre empresas e público de um ponto de vista mais automatizado, por outro, significa uma nova corrida pela inovação e por novos meios de integração virtual. Aproveite esta nova oportunidade!
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Fonte: CIO.
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